A chave-de-braço aplicada pelo zagueiro espanhol Sérgio Ramos no atacante egípcio Mohamed Salah na decisão da UEFA Champions League há duas semanas é só mais uma pitada na fama de desleal do jogador do Real Madrid. Embora a liderança de Ramos seja inegável, o festival de polêmicas do atleta é digno de um Edmundo - talvez o exemplo brasileiro que mais se associe à fama do zagueiro.
Sérgio Ramos é um senhor jogador de futebol. Disso não há dúvida. É campeão do mundo com a Espanha em 2010, na Copa da África do Sul. Tem quatro títulos de Uefa Champions League. Tem no currículo ainda quatro mundiais de clubes, além de títulos de La Liga e Copa del Rey.
Mas...
O grande problema é que Sérgio Ramos pensa, às vezes, que é mais rei do que o próprio Real Madrid. Sua majestade sucumbe a carrinhos por trás, a cotovelaços e a reclamações da arbitragem - embora, às vezes, tenha razão. O zagueiro é simplesmente o jogador que mais vezes foi expulso no Campeonato Espanhol, com impressionantes 19 cartões vermelhos. Não raro é suspenso por excesso de cartões - amarelos ou "rojos".
Já brigou com um zagueiro do Real Sociedade a quem acusou de "não ter o que comer em casa". Recentemente estava suspenso (adivinhem por quê?) de um jogo da Uefa Champions League. Nessa condição, não pode frequentar o ambiente de jogo nos estádios em dia de jogos. Eis que no final da partida contra a Juventus, em Madrid, Sérgio Ramos
desceu ao banco de reservas e lá ficou até o fim da partida, para protesto do treinador italiano Maximiliano Allegri. A UEFA sequer puniu Ramos.
A gota d´água foi a declaração do espanhol sobre as lesões de jogadores do Liverpool (causadas, sim, por Sérgio Ramos) na decisão da Liga dos Campeões.
“Estão dando muita bola ao tema de Salah. Não queria falar, mas vendo bem a jogada, ele pega primeiro meu braço, e eu caio do outro lado. Ele lesiona o outro braço, e dizem que lhe dei uma chave de judô. Depois o goleiro disse que estava abalado por um choque comigo. Só falta Firmino dizer que estava resfriado porque caiu uma gota do meu suor nele”, disse.
Transformado em zagueiro pelas mãos de Vanderlei Luxemburgo no Real Madrid (foi contratado junto ao Sevilla como lateral-direito), Ramos tomou conta da posição. Tem uma impulsão que bate em 92 centímetros - o que o torna um gigante na área, seja a própria ou a adversária. Além disso, conta com um tempo de bola muito bom nos desarmes por baixo. Não é fã dos chutões, sabe sair jogando com classe e cabeça erguida. Há três anos integra a lista de melhores zagueiros da escolha anual da FIFA.
Mas também coleciona entradas desleais e ríspidas em adversários. E isso o tornou alvo da ira dos ingleses do Liverpool ao perderem Salah na metade do primeiro tempo de uma decisão como a Champions League. Ou dos egipcianos, que organizaram um abaixo-assinado virtual na tentativa de impedir Sérgio Ramos de disputar a Copa.
Em resumo: é um senhor zagueiro. Mas navega em mares tempestuosos no mundo do futebol.
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