sexta-feira, 22 de junho de 2018

No sufoco, na marra, merecido. E nós não somos a Argentina

Quem foi ver Neymar está vendo Coutinho na Copa (Divulgação FIFA)

      Vou começar por aqui: o Brasil jogou bem. Mereceu vencer. Dessa vez, Tite não fez alterações burocráticas e alterou a equipe em busca da vitória ao trocar um meia por um atacante e um volante por um centroavante. O esforço foi compensado. Com a vitória por 2x0 sobre a Costa Rica, a seleção avança na Copa. E se vencer a Sérvia no próximo dia 27 está classificada. E ponto. Não deu margem a fiascos. Os "hermanos" que nos desculpem, mas essa Copa quem cai de joelhos será a turma do outro lado do Rio da Prata.
      E falemos a verdade: o Brasil jogou melhor toda a partida. Com exceção de um lance aos seis minutos, quando Guzmán entrou sozinho na área e concluiu por cima do gol de Álisson, o Brasil dominou. Criou chances, embora o único chute a gol, propriamente dito, saiu dos pés de Marcelo para uma defesa fácil de Navas. 
      No segundo tempo, a mudança foi radical. Se na etapa inicial o Brasil parecia deitado eternamente em berço esplêndido, tocando a bola até esperar a hora de o gol sair (mesmo sem chutar à meta costarriquenha), agora o Brasil amassava. Philipe Coutinho bateu forte, aos quatro minutos e Gamboa salvou quase em cima da linha - Navas já estava batido. Dois minutos depois, Gabriel Jesus cabeceou no travessão. Aos 10, Neymar concluiu para uma grande defesa de Navas. Aos 12, Coutinho chutou, após receber de Paulinho, e Navas pegou mais uma vez.
     O volume de jogo melhorava. Mas a conclusão não era boa e o nervosismo começou a aflorar, com Neymar irritado e até o calmo Philipe Coutinho também. Neymar chutava, Coutinho chutava, Douglas Costa (que entrou bem na partida, no lugar do apático William) também. E a zaga costarriquenha afastava ou Navas defendia.
     E o jogo foi passando. Tite colocou Firmino no lugar de Paulinho para tentar o abafa. E o atacante do Liverpool cumpriu bem o papel, prendendo os zagueiros adversários, aumentando o espaço para Coutinho, Neymar e Douglas Costa.  Ate que aos 34 minutos, Neymar recebe sozinho na área, tenta driblar o zagueiro e cai. O juiz marca pênalti. Os costarriquenhos reclamam e o sistema de árbitro de vídeo acusa: não foi o suficiente para desequilibrar Neymar. O árbitro consultou o VAR e voltou atrás, para desespero dos brasileiros.
      Sentindo que o gol poderia sair a qualquer momento, a Costa Rica começou a fazer cera, de lateral a queda de até dois atletas ao mesmo tempo. E isso irritou tanto os brasileiros que Neymar e Coutinho receberam cartões amarelos por reclamação. 
      Mesmo assim o Brasil seguia em cima. Até que aos 46, Marcelo mandou para a área. Firmino escorou, Gabriel Jesus tocou para o meio (de canela) e Coutinho entrou como um centroavante para colocar por baixo das pernas de Navas e fazer 1x0 - segundo gol do meia do Barcelona no Mundial. A emoção foi tão intensa que Tite saiu como um protótipo, correndo pelo gramado, esbarrou na comemoração do goleiro reserva Éderson e se estatelou no chão, mostrando os fundilhos para todo o planeta. 
      Cansada, a Costa Rica desandou. Firmino perdeu boa chance aos 49, ao chutar torto dentro da pequena área. E aos 51, em contra-ataque, o Brasil matou o jogo. Douglas Costa recebeu de Coutinho e na saída de Navas cruzou para Neymar empurrar para a rede. Com isso, o atacante do Paris Saint-Germain ultrapassou Romário na lista dos maiores artilheiros da Seleção.
      Fim de jogo. Enquanto as imagens da FIFA mostravam um garotinho sorrindo com uma chupeta na boca, Neymar sentou no meio do gramado e caiu em lágrimas. Era o choro do alívio, do descarrego, da responsabilidade cumprida. 
      E, dessa vez, o choro é justificado. Foi um sufoco. Mas o Brasil está mais vivo do que nunca na Rússia.


BRASIL: Alisson; Fagner, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Casemiro; Willian (Douglas Costa), Paulinho (Firmino), Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus (Fernandinho).Técnico: Tite

COSTA RICA: Keylor Navas; Gamboa (Calvo), González, Acosta, Duarte e Oviedo; Venegas, Guzmán, Borges e Bryan Ruiz; Ureña (Bolaños). Técnico: Óscar Ramírez

Árbitro: Bjron Kuipers (HOL), auxiliado por Sander Van Roekel (HOL) e Erwin Zeinstra (HOL)

Nenhum comentário:

Postar um comentário