domingo, 18 de setembro de 2016

Os 10 momentos marcantes da paralimpíada Rio 2016

      A cerimônia de encerramento da paralimpíada está em andamento. E o clima de "aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhh, que saudade" toma conta de grande parte dos apaixonados por esportes. Foram apenas 11 dias de competições, mais a data de abertura (7 de setembro). E começam as avaliações, dentro e fora dos complexos esportivos que sediaram a maior competição esportiva do planeta para pessoas com algum tipo de deficiência.
      Separei 10 momentos para reflexão. Alguns, esportivos. Outros, emotivos. Há também espaço para reflexão e cuidados com a segurança. Avalie os seus momentos e veja se não valeu a pena. Aliás, desculpem a redundância, pena que não haverá outro evento deste porte em breve no Brasil. Espero ainda estar vivo para vivenciar de perto o significado desse evento para o país. Mas vamos lá:

1) O tcheco romântico
Bruna Prado/Getty Images

Se o romantismo esteve em alta na olimpíada, na paraolimpíada não seria diferente. Aliás, diferenciadas foi a reação da "solicitada". Medalhista de prata na prova de tiro com arco W1, o tcheco David Drahoninsky, aprontou uma espetacular para a namorada Lida Fikarova. O curioso é que ela ficou FURIOSA. Isso porque David pegou o microfone, pediu desculpas porque não havia conseguido o ouro, mas perguntou se, mesmo assim, ela aceitaria casar com ele. O problema é que Lida leu nos jornais que o atleta faria o pedido. E respondeu de forma ríspida: "não gosto desse tipo de atenção”.
Ah, detalhe: apesar do resmungo, ela aceitou!!!

2) A emoção do técnico na bocha
Festa brasileira com o ouro na bocha Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

      O Brasil ganhou medalha de ouro na bocha  na classe BC3, em duplas mistas. A equipe formada por Antônio Leme e Evelyn Vieira venceu a Coréia do Sul por 5x2. Ao término do jogo, o irmão de Antônio (que tem paralisia cerebral), Fernando, invadiu a quadra e se jogou ao solo abraçando o irmão. Uma das cenas mais lindas dos jogos.

3) Os campeões e finalistas "olímpicos"
Resultado de imagem para Abdellatif Baka
       O argelino Abdellatif Baka conseguiu algo inimaginável em uma paralimpíada. Baka ganhou a prova dos 1.500 metros rasos da classe T3 (para atletas com limitações visuais) com um tempo tão sensacional que seria campeão olímpico na Rio 2016. O brasileiro Petrúcio Ferreira dos Santos, ouro na final dos 100 metros rasos classe T47, com 10s19, teria um tempo que o colocaria na final dos 100 metros rasos na Olimpíada. E o alemão o alemão Markus Rehm, no salto em distância, categoria F44 (para amputados), Saltou 8,21 metros - o que daria o quarto lugar na Olimpíada.

4) O super Daniel Dias
Medalha - Dias, Daniel - Natação - Brasil - 100m livre masculino - S5 - 100m livre masculino - S5, final - Estádio Aquático Olímpico
Vinte e quadro medalhas paralímpicas. O maior nadador de todos os tempos em jogos é brasileiro. Daniel Dias disputou nove provas na Rio 2016. Ganhou nove medalhas - quatro de ouro, três de prata e duas de bronze. Entrou e fez história. Além disso, foi anunciado no Parque Olímpico Aquático como o maior medalhista da natação da história. E o que fez? Chamou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro para, num momento de simpatia e reverência, subir ao pódio e cantar o Hino Nacional com ele. Um supercampeão do esporte e da vida. 

5) A morte do iraniano no ciclismo de estrada
O atleta iraniano Bahman Golbarnezhad, 48 anos, morreu após acidente durante a prova de ciclismo de estrada C4-5 dos Jogos Paraolímpicos Rio 2016
      Infelizmente o chavão "a morte faz parte da vida" entrou para a realidade na Rio 2016. Na prova de ciclismo de estrada, no penúltimo dia de competição, o iraniano Bahman Golbarnezhad morreu após sofrer um acidente no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio de Janeiro. O iraniano caiu da bicicleta e bateu a cabeça, sofrendo traumatismo craniano. Foi atendido e levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.  ao sofrer uma parada cardíaca. Foi a nota triste da paralimpíada.

6) Ouro em família
No salto em distância, Ricardo Costa dá primeiro ouro ao Brasil
      A família Costa vai sair com o título de família mais dourada da paralimpíada. Os irmãos Ricardo e Silvânia Costa ganharam a medalha de ouro nas provas do salto em distância T11 (para deficientes visuais). Enquanto a vitória de Ricardo foi relativamente tranquila, a da irmã foi apenas no último salto. Ela já havia sido porta-bandeira da delegação tupiniquim na cerimônia de abertura. 

7) O choro doído do goalball feminino
      Pouca gente no Brasil conhecia o goalball - disputado por atletas com deficiência visual onde uma equipe joga a bola contra a outra em uma quadra para fazer gols. E um dos momentos mais emocionantes dos jogos foi a derrota da equipe feminina da modalidade na disputa do bronze com os Estados Unidos. As atletas lutaram muito, mas saíram sem medalha ao perderem por 3x2. Na zona mista, área dedicada às entrevistas, elas sequer conseguiam falar. O choro tomou conta. As atletas consolavam-se umas às outras. E os torcedores choraram junto - não pela derrota, mas pela tristeza das jogadoras. 

8) Alex Zanardi
  Lenda Paralímpica, Alex Zanardi pede por Jogos originais
      Quis o destino que na data exata marcada pela tragédia - a amputação das duas pernas após um acidente na Alemanha em uma prova da Fórmula Indy - o italiano Alessandro Zanardi, ou simplesmente Alex, ganhasse uma medalha nas paralimpíadas Rio 2016. Foi em 15 de setembro. Atleta do ciclismo, Zanardi sai da paralimpíada com três medalhas, sendo duas de ouro e uma de prata. Um fenômeno que tinha tudo para desanimar. E que mostrou a incrível capacidade de reinvenção do ser humano disposto a mudar o próprio destino.

9) A belga que vai cometer eutanásia
VERVOORT Marieke - Atletismo - Bélgica - 100m rasos feminino - T51/52 - 100m feminino - T52, final - Estádio Olímpico (Engenhão)
      Ela anunciou há algum tempo que faria isso. E não desistiu da ideia. Após conquistar a medalha de prata nos 400 metros com cadeira de rodas na Rio 2016, a belga Marieke Vervoort, de 37 anos, confirmou que irá manter a decisão de realizar a eutanásia solicitada ao governo de seu país desde 2008, mas desmentiu que seria após o encerramento da competição. Ela tem uma doença degenerativa que já lhe impediu de movimentar os membros inferiores. Destacou que precisa deixar o esporte porque a doença está piorando. Marieke foi diagnosticada com tetraplegia progressiva. doença com a qual convive há 23 anos. A questão polêmica não abala o humor da belga. E deixa em aberto o debate sobre a questão: vale a pena abreviar o sofrimento em detrimento de continuar vivendo?

10) A procura das pessoas com deficiência pelo esporte

      Essa não tem foto. É o legado deixado pela paralimpíada no Brasil. Se eu já recebi pedidos de informações a respeito de onde pessoas com deficiência podem ter acesso à prática desportiva em Bagé, imagine professores, profissionais da saúde, universitários, assistentes sociais, professores de educação física? Sim. Esse é o lado bom. Ao ver a avalanche de medalhas, muita gente pode dar importância a esportes de alto rendimento. Alguns, bem simples como o tênis de mesa, onde duas ou três mesas podem servir para dezenas de atletas iniciaram a prática desportiva. Ou o goalball. Ou o vôlei sentado. Ou a bocha. Ou ainda o futebol de 5, para deficientes visuais. Quem sabe sonhar um pouco mais e potencializar pistas de atletismo e piscinas para a prática da natação? Algo que marcou muito nas histórias que acompanhei foi a frase do bageense Roberto Alcalde Rodriguez em entrevista ao jornal Zero Hora. Isso porque ele precisou sair de Bagé e ir para Florianópolis porque no município, segundo ele, não havia condições de treinar. E não há mesmo. Embora isso doa, a realidade pode mudar. E agora pode ser um incentivo. Projetos dentro das instituições que lidam com pessoas com deficiência existem. Falta é interesse governamental e patrocínios para a manutenção desses projetos. Quem sabe a classe empresarial não possa colaborar com a dedução de impostos, a legislação não seja mais fácil e abrangente a essas instituições e a população também possa colaborar? 
É um sonho. Mas não é utopia.

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