quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A vaia, a queda e a consagração

      

      A cerimônia de abertura da Paralimpíada Rio 2016 foi marcada pela variedade de sentimentos. Teve a voz de Gonzaguinha, passando pelo remelexo de Seu Jorge até a beleza de um tango ritmado entre uma atleta bailarina e um robô. Além da apresentação de grupos de pessoas com deficiência, vídeos institucionais e muitos pedidos de inclusão. Alguns pontos, entretanto, merecem destaque em uma cerimônia marcada por beleza, variedade, simplicidade e reflexão.

Resultado de imagem para nuzman vaiado


      Tudo transcorria relativamente bem no discurso do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman. Entretanto, no momento em que ele agradeceu aos governos pela realização dos Jogos, o Maracanã veio abaixo... em apupos. A vaia foi simplesmente ensurdecedora. O presidente Michel Temer, presente à cerimônia junto com a primeira dama Marcela Temer, recebeu vaias fortes também. O descontentamento deixou Nuzman perplexo. As vaias tomaram conta por cerca de dois minutos até que o presidente do COB retomasse a manifestação. Mas a explosão de vaias entra para a história paralímpica.


      No momento de acendimento da pira olímpica, ocorreu o contrário. Como eram atletas paralímpicos, o público aplaudiu com força. O ponto alto foi quando a ex-atleta paralímpica Márcia Malsar, que conduzia a tocha, se desequilibrou e caiu. Voluntários correram para auxiliar Márcia, que não precisou. Ela se levantou sozinha e foi ovacionada pelo público. A ex-atleta seguiu sua trajetória até entregar a chama para a supercampeã Ádria dos Santos, vencedora no Atletismo paralímpico em Sydnei e Atenas nos 100 metros rasos.

      Não foi o único momento surpreendente da noite. O nadador Clodoaldo Silva foi o responsável por acender a pira olímpica. Só que houve um momento de expectativa. Conduzindo a tocha paralímpica em uma cadeira de rodas, Silva ficou parado diante de uma escada que o levaria à pira. Eis que uma rampa surgiu para delírio do público para que Clodoaldo pudesse ir até o topo e realizasse o acendimento da pira.  

      Tudo dentro de uma reflexão importante sobre as dificuldades impostas pelas limitações do dia a dia vividas por todos os cidadãos que precisam de acessibilidade. Agora é aguardar as competições. E conferir desafios e superações em histórias a serem construídas até o dia 18. Até lá, os mais de quatro mil atletas não vão apenas competir. Vão apresentar ao mundo como eles podem construir um novo mundo por meio da superação de seus próprios limites.

Nenhum comentário:

Postar um comentário