domingo, 11 de setembro de 2016

Estamos só pelas 17h30min - bom momento para refletir

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      O coração começa a bater mais acelerado. A expectativa é grande pela participação do bageense Roberto Alcalde Rodriguez na final dos 100 metros peito - classe SB5 - na Paralimpíada Rio 2016. 
      Claro que para Alcalde a medalha é o objetivo. Dentro do ciclo olímpico, são quatro anos de trabalho, treino, esforço. Essa parte da história todos já sabem. Privar-se da família e dos amigos muitas vezes, É deixar casa, buscar patrocínio, saber que a dor faz parte do uniforme de treinamento e até da água da piscina nas competições. 
      Mas, para a população bageense, o que vale é ter um conterrâneo em condições de disputar uma medalha. 
      Parece piada. Porque Bagé já tem um campeão paralímpico, Luís Silva. E também na natação. Dois atletas cuja origem é um município onde sequer existe uma piscina olímpica para treinamento. É muito curioso isso. Temos atletas de alto nível, que ganham atenção mundial, nascidos na Rainha da Fronteira, onde é difícil realizar treinamentos. Bagé tem uma equipe da APAE que é destaque estadual na bocha. E que podem, sim, ter chances de competir em alto nível. Mas...
      Em Bagé há profissionais sensacionais tanto na APAE quanto no Caminho da Luz. Mas não há condições de treinar em pistas de atletismo, não há piscina olímpica, não há cancha para salto em distância. Eu, sinceramente, fico pensando quantos bons atletas teríamos por aqui. Sem medo de errar: não seriam poucos. Os profissionais da instituições sabem muito bem a noção do esporte de alto rendimento para o de participação. E há atletas em condições de participarem de competições. Imaginem o orgulho de um pai e uma mãe vendo seu filho agora, em rede nacional, disputando uma medalha? Alguém criado no bairro, assistido das instituições. 
      Utopia? Não. Experimentem dar condições para isso às entidades. Cito como exemplo o trabalho dos professores Guilherme Veloso e Maximira Viana. Eles são uma referência profissional para mim. Gente que trabalha quieta e se dedica com um esmero espartano pelo desenvolvimento físico dos seus pupilos. Eles sabem da importância da saúde física para o desenvolvimento intelectual dos jovens. E transformam seu trabalho em algo prazeroso, valorizam cada conquista dos guris e gurias que batalham por centésimos, por centímetros a mais. Sensacional. É só assim para definir.
      Agora a torcida é pelo Beto Alcalde. Daqui a pouco mais de uma hora ele estará com a torcida de todo o Brasil, não apenas de Bagé. Sua família deve estar exultante - a tia Sônia e o tio José Emílio Alcalde, meus amigos de longa data, sorriem à toa. Não, não é à toa. Eles sorriem com a certeza do esforço do garoto, que supera desafios impostos pela deficiência com calma e sabedoria de monge. Acompanhem o que ele relatou em entrevista ao site do Comitê Paralímpico Brasileiro:
      "Passei tranquilo na prova, tentei não usar muita força agora de manhã para usar tudo agora à tarde. Vou falar com meu treinador para ele me dizer como ele viu para dar uma melhorada na final. É a minha primeira prova nos Jogos, então não posso usar todo o fôlego na parte da manhã".
      Só de estar lá, Alcalde já é um vencedor. E com um somatório do esforço pessoal e do sopro divino, quem sabe não pinta mais um bageense medalhista na natação paralímpica? Bons fluidos não vão faltar. 


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