domingo, 11 de agosto de 2024

Fim da Olimpíada: as conquistas e decepções brasileiras em Paris 2024

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   Os Jogos Olímpicos de Paris chegaram ao fim neste domingo, dia 11. Desde o dia 24 de julho a maior competição esportiva do planeta reuniu milhares de atletas com objetivos distintos. Para a delegação brasileira, o balanço é positivo, embora algumas frustrações. Enquanto para alguns foi a consagração, para outros foi a oportunidade de estar em uma vitrine. No caso do Brasil foi a Olimpíada das Mulheres: todas as medalhas de ouro conquistadas pelo país foram delas - isso nunca havia ocorrido antes. 

A Olimpíada das mulheres brasileiras

   Também foi a Olimpíada dos recordes. A ginasta Rebeca Andrade tornou-se a atleta mais laureada em Jogos Olímpicos pelo Brasil, com seis medalhas - duas de ouro, uma de prata e três de bronze. Pela primeira vez os brasileiros conquistaram uma medalha por equipes mistas - no caso, o bronze no judô. Desde 1996 o Brasil não conquistava um ouro no vôlei de praia feminino - e o tabu veio abaixo com Duda e Ana Patrícia. Além do desempenho esportivo, outro número para a história: pela primeira vez a delegação brasileira teve mais mulheres do que homens - 153 dos 277 que foram à França para ser mais preciso. 

Os competidores de futuro

   Há também os bons exemplos, mesmo sem conquista de medalha. Como foi o caso de Ana Sátila, da canoagem slalom, que ficou em quarto lugar e por pouco não ganhou medalha. Ou de Hugo Calderano, também na quarta colocação, mas no tênis de mesa. Ou ainda Giullia Penalber, que perdeu a disputa do bronze no wrestling, a antiga luta olímpica - nunca um brasileiro havia ido tão longe na modalidade. 

As decepções

   Entretanto, também houve frustrações. A começar pelos esportes coletivos. O futebol e o handebol masculino, assim como o basquete feminino, sequer conseguiram vaga para Paris. O vôlei masculino fez a pior campanha desde 1976, em Montreal, com uma vitória e três derrotas, sendo eliminado nas quartas-de-final. O vôlei de praia masculino não passou da fase quartas-de-final. O handebol feminino, depois de um começo animador, sucumbiu até ser eliminado pela campeã olímpica Noruega nas quartas-de-final. 

   Há ainda duas particularidades: a vela e o boxe. Nas águas, os brasileiros não conquistaram nenhuma medalha, algo que não ocorria desde Barcelona, em 1992. As bicampeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunzle sequer chegaram à regata da medalha. Foi uma decepção. Outra foi no boxe. Embora o desempenho de Beatriz Ferreira tenha trazido o bronze, os demais tiveram resultados pífios. Com duas exceções que chegaram às quartas-de-final, os demais ficaram na fase preliminar. Em Tóquio 2020 o boxe brasileiro havia conquistado três pódios, com um ouro, uma prata e um bronze. 

As expectativas e as imagens marcantes

   O surfe e o skate consolidaram-se como os esportes do futuro. Os bronzes de Rayssa Leal (street) e Augusto Akio (Park), jovens atletas, são inspiradores para que novas gerações conheçam e pratiquem o esporte. Gabriel Medina (bronze) e Tati Weston-Webb (surfe) trazem uma realidade que virou grife mundial: a "Braziliam Storm" (tempestade brasileira) faz sucesso no mundo e vai continuar trazendo bons resultados para o país. 

   Existem também as imagens marcantes que envolvem brasileiros. A foto de Gabriel Medina "parado no ar", pedindo uma nota 10 (ficou em 9,9) em uma das baterias da prova de surf já virou capa de caderno. A reverência das ginastas norte-americanas Simone Biles e Jordan Chiles a Rebeca Andrade no pódio da prova de solo também é outro momento marcante de Paris 2024.

E tem mais...

   Se você chegou até aqui e pensa que acabou, está enganado. De 28 de agosto a 8 de setembro tem mais uma edição dos Jogos Paralímpicos, também em Paris. A competição esportiva da inclusão ganha cada vez mais audiência, com crescimento da participação brasileira - já que o país é considerado uma potência paralímpica. A torcida vai continuar. E tudo leva a crer que a torcida vai poder seguir ouvindo, até 8 de setembro, o Hino Nacional tocando e os representantes brazucas no alto do pódio.  

sábado, 10 de agosto de 2024

Brasil termina participação em Paris 2024 com 20 medalhas e desempenho inferior a Tóquio

 

Arte: pampa360graus

   O Brasil encerrou neste sábado (10) sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris. A medalha de bronze no vôlei feminino foi a última conquistada pelo país. Agora, as expectativas ficam para 2028, quando a Olimpíada será realizada pela terceira vez em Los Angeles, nos Estados Unidos. O desempenho brasileiro foi bom, mas aquém da expectativa.

   O país conquistou 20 medalhas, sendo 3 de ouro, 7 de prata e 10 de bronze. As 20 medalhas ao total são o segundo maior número (atrás apenas de Tóquio 2020, quando teve 21). Mas, a chegada ao topo do pódio despencou. Em 2016, no Rio de Janeiro, o Brasil conquistou 7 medalhas de ouro - o mesmo número em Tóquio. Ou seja: o desempenho caiu para menos da metade.

   Nas bolsas de apostas existem explicações para esse desempenho pior nos primeiros lugares. No surf, Gabriel Medina era o mais cotado para ganhar o ouro. Acabou tolhido pela falta de ondas após apenas 5 minutos de bateria na semifinal masculina. O Brasil também tinha expectativa no judô para conquistar dois ouros - veio o de Bia Souza, na categoria acima de 78 kg. E na vela talvez esteja  a maior frustração. As bicampeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunzle sequer chegaram a brigar por medalha. Desde 1992, em Barcelona, quando também ficou sem medalhas na modalidade, o país não tinha um desempenho tão pífio.  

   Como no esporte há fatores inusitados, essa expectativa também apresentou uma condição diferenciada. Nas bolsas de aposta, Rebeca Andrade era favorita para ganhar o ouro no salto e a prata no solo. Aconteceu que a brasileira trocou a ordem, vencendo no solo e ficando em segundo no salto sobre a mesa. Além disso, Beatriz Souza não aparecia entre os mais cotados para o ouro no judô. E venceu. E essa é a graça do esporte, onde o inesperado pode consagrar e o favorito pode sucumbir. 


NA FORÇA E NA QUALIDADE - Brasil bate Turquia e fica com o bronze no vôlei feminino em Paris 2024

Miriam Jeske/COB


  O Brasil entrou com uma obrigação para o confronto contra a Turquia, na decisão da medalha de bronze do vôlei feminino na Olimpíada de Paris: deixar para trás o jogo contra os Estados Unidos, nas semifinais, que retiraram as brasileiras da disputa pelo ouro. E a Seleção teve algo fundamental em quadra: atitude. Com o talento de Gabi e a força de Ana Cristina, venceu por 3 sets a 1 e conquistou a terceira posição no torneio olímpico. Foi a quinta medalha do técnico José Roberto Guimarães (três ouros, sendo dois no feminino e um no masculino, uma prata, no feminino, e um bronze, também no feminino).

   É verdade que a Turquia fez um jogo de igual para igual. No primeiro set, por exemplo, ficou grande parte do tempo atrás do placar. Entretanto, a partir do 19x19, as brasileiras encontraram o jogo, principalmente forçando o saque e aproveitando o desperdício das turcas. Fecharam em 25/21. No segundo set, o drama foi maior. A Turquia fez novamente uma partida equilibrada e elas chegaram a ter três set points. Mas, com muita garra de Gabi, que chamou o jogo para si após não ter jogado bem contra as norte-americanas, o Brasil virou e fechou em 27/25.

   O terceiro set continuou complicado. As turcas defendiam bem e conseguiam aproveitar os contra-ataques, embora o Brasil mantivesse o ritmo. No entanto, a partir do 17x17 a Turquia forçou mais o saque e o Brasil errou bastante. O time turco fechou em 25/22 e voltou para o jogo. Mas, no quarto set, o panorama mudou. As brasileiras não deram chance para as turcas. Abriram logo cinco pontos de diferença e mantiveram a vantagem até o 21x15. Com dois pontos de bloqueio e com erros de recepção das turcas, o Brasil fechou em 25/15 e garantiu o bronze.  

NÃO DEU DE NOVO... Brasil peca na defesa, perde gols e fica com a prata no futebol feminino

 

Reprodução X

   Os deuses do futebol, mais uma vez, não olharam para o futebol feminino brasileiro. Mesmo jogando um bom futebol no primeiro tempo, tendo um gol de Ludmilla anulado por impedimento, e criando boas oportunidades de gol, a eficiência norte-americana pesou mais uma vez. E elas ficaram com a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Os Estados Unidos venceram por 1x0, gol marcado pela atacante Swanson aos 12 minutos do segundo tempo.

   O time brasileiro repetiu o sistema que havia dado certo contra França e Espanha. Mesmo que as norte-americanas tivessem um senso de cobertura e recuperação de bola mais forte - elas anularam Gabi Portilho, a melhor jogadora de ataque do país na competição - a Seleção Brasileira criou boas oportunidades. Logo a dois minutos, Ludmilla recebeu sozinha na entrada da área, avançou, mas concluiu recuando para a goleira norte-americana Naeher. O Brasil criou chances ainda e reclamou de um pênalty em Adriana - quando a zagueira norte-americana atingiu a atacante brasileira. O VAR analisou, mas não considerou falta.

   O jogo também foi picotado. Embora a arbitragem não tenha influência no resultado, a árbitra sueca Tess Olofsson foi muito criticada pelas jogadoras. O principal fator foi a marcação de faltas - onde as cãmeras de transmissão pegaram várias entradas brasileiras na bola e a juíza marcou falta para as norte-americanas.

   Na segunda etapa, o Brasil voltou bem. No entanto, uma desatenção entre o meio-campo e a defesa permitiu o gol norte-americano. Em uma troca de passes errada, a bola foi lançada para Swanson. Ela recebeu livre e, na saída de Lorena, marcou 1x0. A partir daí, o técnico Arthur Elias tentou mexer, inclusive colocando Marta. 

   No entanto, a última partida da melhor jogadora do mundo em seis oportunidades pela Seleção deixou uma sensação melancólica. A camisa 10, sem o mesmo brilho de anos anteriores, pouco fez. A melhor oportunidade que teve foi em uma cobrança de falta aos 43 minutos, mas passou longe do gol. A melhor chance do Brasil foi aos 52 minutos, quando Yasmin cruzou da esquerda e Adriana cabeceou livre. Naeher fez uma defesa sensacional e impediu o empate brasileiro.  

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

MENINAS DE OURO - Duda e Ana Patrícia batem canadenses e quebram tabu de 28 anos para levar o Brasil ao topo do vôlei de praia feminino

 

Luíza Moraes/COB

   A espera acabou! Depois do ouro de Jaqueline/Sandra em Atlanta/1996 o Brasil jamais havia ganhado novamente uma medalha de ouro no vôlei feminino em Jogos Olímpicos. Duda e Ana Patrícia transformaram esse tabu em po - ou melhor, areia - na tarde deste dia 9 de agosto. A dupla venceu as canadenses Brandie e Melissa por 2x1 (26/24, 12/21 e 15/11) para entrar no olimpo da modalidade.

   Não foi uma partida fácil. Com muitos erros e o nervosismo visível de Ana Patrícia no começo do jogo, o Brasil tinha dificuldades. As canadenses chegaram a abrir seis pontos de diferença. Mas, assim como ocorreu com a Letônia nas quartas-de-final, as brasileiras encontraram o rumo. Com o talento de Duda achando espaços na quadra adversária e o bloqueio de Ana Patrícia, aliado a um saque mais forçado, foi possível virar e fechar em 26/24 o primeiro set.

   No segundo set parecia que o jogo estava encaminhado. O Brasil chegou a abrir três pontos de diferença no início. No entanto, com a mudança de postura (em vez de sacar em Duda, como no primeiro set, as canadenses forçaram em cima de Ana Patrícia), a situação mudou. As brasileiras levaram a virada, desperdiçaram cinco contra-ataques e levaram três aces. Melissa e Brandie aproveitaram e fecharam com facilidade, 21/12.

   No tie-break, concentradas, Duda e Ana Patrícia não deram chance às adversárias. Abriram logo três pontos e em aumentaram para cinco - a partida chegou a estar em 12x7. As canandenses reagiram, mas não o suficiente para tirar o ouro das brasileiras. Com um ataque de Ana Patrícia que explodiu no bloqueio e saiu, vitória por 15/11. E muita festa brasileira na arquibancada.

   Aliás, no set desempate, quase houve treta entre Ana Patrícia e as canadenses. Melissa encarou a brasileira depois de um ponto e Ana Patrícia não ficou atrás. O árbitro de baixo precisou entrar em quadra e separar as atletas - que foram punidas com um cartão amarelo. Aos poucos elas se acalmaram. E o DJ colaborou: tocou "Imagine", de John Lennon. Tanto as brasileiras como as canadenses sorriram e aplaudiram, enquanto a torcida do Brasil e do Canadá cantou junto. Ao final da partida, Ana Patrícia abraçou as adversárias, que retribuíram. Era o ponto final do ouro brasileiro em Paris. 

PIU ARREPIOU EM PARIS 2024! Alison dos Santos garante o bronze nos 400 metros com barreiras

 

Reprodução X

   Mesmo com a chuva que caía em Paris, o brasileiro Alison dos Santos, o Piu, venceu as desconfianças. Com uma prova consistente, o brasileiro ficou com a medalha de bronze na prova dos 400 metros com barreiras, a última do dia do atletismo nos Jogos Olímpicos de Paris. O ouro ficou com o norte-americano Rai Benjamin e a prata com o norueguês Karsten Warholm (que tinha o melhor tempo da competição, era campeão olímpico e favorito da prova).

   Piu já havia conquistado a medalha de prata em Tóquio 2020. De lá para cá teve resultados expressivos, como vitórias na Diamond League, que reúne os melhores atletas de atletismo do mundo. Entretanto, desde 2023 sofreu com lesões. Nas classifcatórias, chegou a ficar dependendo de maus resultados de seus adversários para chegar às semifinais. A partir daí, reagiu. Chegou em segundo na sua classificatória e obteve a vaga direta para a final. 

   Na prova desta sexta-feira, Piu foi constante, ultrapassando as barreiras e aumentando o ritmo a partir dos 200 metros. O brasileiro brigou até o final com o norueguês pela medalha de prata, mas acabou diminuindo o ritmo após a última barreira. Mesmo assim, foi o suficiente para chegar em terceiro. Com isso, Piu entra no grupo de brasileiros no atletismo com duas medalhas olímpicas - ao lado de nomes como Ademar Ferreira da Silva (dois ouros no salto triplo), Joaquim Cruz (um ouro e uma prata nos 800 metros rasos) e Thiago Braz (ouro e prata no salto com vara). 

FICOU NO QUASE - Giulia Penalber perde para chinesa a disputa pelo bronze no wrestling

 

Luiza Moraes/COB


   Giulia Penalber lutou muito, mas não foi suficiente. Aliando força e técnica, a chinesa Hong Kexin não deu chances para a brasileira na disputa pela medalha de bronze na categoria até 57 kg feminino nos Jogos Olímpicos de Paris. O escore do combate traz a ideia do quão superiora foi a chinesa: 10 x 0. 

   Apesar da derrota, nenhum lutador brasileiro de wrestling, a antiga luta livre, havia chegado tão longe em uma olimpíada. Mas, na luta, não há contestações sobre a superioridade da adversária. Hong venceu após 1min57s. A luta é encerrada quando uma atleta consegue uma diferença de 10 pontos (no que foi o caso) ou quando tem maior pontuação que a outra atleta quando termina o tempo. Giulia  chegou a ter uma segunda chance quando um recurso brasileiro anulou dois pontos da adversárioa. A brasileira ainda tentou encaixar golpes, mas a Hoxin encontrou os dois pontos.