quarta-feira, 11 de julho de 2018

Com direito a gols de coice e Super Mário, Croácia faz história na Rússia e encara França na disputa pelo título

Modric e o técnico Dalic: vitória consagradora dos croatas na prorrogação (Divulgação FIFA)

      Croácia e Inglaterra fizeram um jogo daqueles. Ao melhor estilo dos apaixonados por futebol. Teve técnica, raça, bravura, ataque, defesa, oportunidades de gol. E alguns heróis. A seleção dos Bálcãs faz história. Ou melhor, forma sua própria trajetória em mundiais de futebol. Com uma população de menos de cinco milhões de habitantes poderá erguer a Taça FIFA no próximo dia 17 e aí ingressar de vez no rumo da epopeia. 
      Vamos combinar o seguinte: ao invés de resumir todo o jogo, vamos direto ao assunto. Com um golaço de Tripper, cobrando falta no ângulo de Subasic, a Inglaterra abriu o placar logo aos quatro minutos do primeiro tempo. O problema é que o "English Team", depois disso, se limitou a criar oportunidades e não concluir a gol. Isso mesmo: a Inglaterra teve o contra-ataque à disposição durante muitas vezes. Perdeu alguns gols (o principal deles, na prorrogação, quando em um escanteio Stones cabeceou certinho e Vrsaljko salvou quase em cima da linha). Mas, de resto, foi um festival de inoperância, embora altamente competitiva. O primeiro tempo foi inglês, quando a Croácia sentiu o gol e, principalmente, o cansaço.
      Mas, no segundo tempo...
       A história croata é marcada por lutas. Não só a da equipe, quase desclassificada do mundial (precisou disputar a repescagem europeia com a Grécia), mas a de construção de sua própria nacionalidade. E dentro de campo o que se viu foi empenho. Vindos de duas prorrogações, com direito às emoções das cobranças de pênaltis, os croatas correram como nunca. Sabe-se lá Deus de onde tiraram tanta força, tanta energia. Com 20 minutos do segundo tempo parecia que eram os ingleses e não os croatas que haviam passado por essa situação. E aos 23 minutos, veio o lance decisivo. O lesionado Vrsaljko (que jogou no sacrifício e com pedido dos companheiros porque o treinador não queria agravar a lesão) cruzou da direita no meio da pequena área. E Perisic, o versátil e polivalente jogador da Internazionale, de Milão, arrumou um espaço entre dois zagueiros e deu um golpe de MMA (na gíria gaúcha foi um coice mesmo) na bola, antes que o zagueiro Walker pudesse cortar. A bola morreu no fundo da rede de Pickford.
      Era de se esperar uma Inglaterra mais disposta e uma Croácia mais lenta, cadenciando o jogo, na prorrogação. Nã, nã, não. O que se viu foi uma Croácia impetuosa, partindo para cima. Se a Inglaterra ainda teve a cabeçada de Stones salva por Vrsaljko, os croatas vieram para o segundo tempo com a faca entre os dentes. E numa jogada aérea (o forte dos ingleses), onde Walker errou o tempo de bola, a redonda sobrou para Mandzukic. O "Super Mário", como é chamado (claro, óbvio, Mário é o primeiro nome do croata) dominou e disparou uma bomba, cruzada, fora do alcance do goleiro inglês. Era o gol da classificação, aos 3 minutos do segundo tempo.
      Restou à Inglaterra tentar algo. Só que o jogo encerrou com sete chutes a gol da Croácia e apenas um - a falta cobrada por Tripper - dos ingleses. O lateral, aliás, saiu de campo com uma lesão muscular na virilha e os ingleses acabaram a partida com 10 homens em campo. Mas não adiantava. Era o dia da Croácia. Era o dia de escrever uma nova página na história do futebol. 

CROÁCIA: Subasic; Vrsaljko, Lovren, Vida e Strinic (Pivaric); Rakitic, Brozovic, Rebic (Kramaric), Modric (Badelj) e Perisic; Mandzukic (Corluka). Técnico: Zlatko Dalic

INGLATERRA: Pickford; Walker (Vardy), Stones e Maguire; Trippier, Henderson (Dier), Dele Alli, Lingard e Young (Danny Rose); Sterling (Rashford) e Harry Kane. Técnico: Gareth Southgate.

Árbitro: Cuneyt Cakir, auxiliado por Bahattin Duran e Tarik Ongun (todos da Turquia).

Nenhum comentário:

Postar um comentário