domingo, 11 de dezembro de 2016

Os motivos da queda do gigante

Resultado de imagem para inter rebaixado

      Eu poderia ser sarcástico, corneteiro, irônico. Entretanto, já sofri na pele como gremista o peso de duas quedas para a Série B. A tão temida "Segundona", que ecoa por dentro da alma dos apaixonados por futebol, entretanto, não é nenhum assombro. Por isso a queda do Internacional não me surpreende, apenas acredito que é momentânea. E vai durar um ano, exatamente. No entanto, creio que uma série de fatores levaram ao rebaixamento. Com a cabeça mais fresca do que os colorados apaixonados, trago aqui minhas deduções. Sempre suscetíveis à discordância. 
      Embora tenha certeza que a maioria colorada que chegar até o fim me dará parcela de razão, sem falsa modéstia.

1) A direção apostou em figurões como Anderson e Alex, pagando uma banana de dinheiro e sem ter retorno dentro de campo. A grande aposta certeira e digna foi Danilo Fernandes. Quando mais se precisou dele, correspondeu. No jogo com o Fluminense eram 48 do segundo tempo e o goleiro corria para repor a bola após um impedimento. O detalhe (negativo) é que o resto do time estava correndo em velocidade paquidérmica em direção ao campo do adversário. 

2) Ainda relativo a esse tema: na hora decisiva, não houve alguém para pegar a bola, colocar debaixo do braço, bater lateral, cobrar falta rapidamente. Faltou um líder dentro de campo. Paulão? Ele é bom zagueiro reserva. Nunca um líder. Faltou D'Alessandro.

3) O festival de estupidez que reinou sobre a diretoria numa semana onde o futebol brasileiro ficou abalado pela tragédia da Chapecoense, onde os jogadores do Inter quiseram "encerrar o campeonato", sem responder à pergunta se topavam cair se as partidas não fossem disputadas. A frase de Fernando Carvalho "vivemos nossa tragédia particular" soou tão mal, mas tão mal, que os jogadores tentaram refazê-la. E a emenda ficou pior que o soneto. E o presidente Vitório Píffero conseguiu pior mais ainda. Tudo isso em um intervalo de cinco dias.
Comunicação também ganha campeonato e evita rebaixamento. E faltou isso ao Inter.

4) O "ilusionista" Gauchão. O Internacional já havia batido na trave há dois, três anos, iludido com a desculpa de jogar fora do Beira-Rio. Agora, tinha um estádio modelo. Não adiantou nada. Vencer Gauchão a ferro e fogo não serve para estar habilitado a disputar títulos maiores. A direção e a própria Comissão Técnica deixaram isso de lado. Deu no que deu.

5) Lembro aqui do meu recentemente falecido amigo Erly Inghes, ex-presidente do Guarany. Certa feita, conversando sobre futebol quando fui visitá-lo, ele me disse: "Emanuel, não se traz jogador que não tá a fim de vestir a camiseta ou fica sonhando em se transferir para outro clube. É melhor que não fique". Lembrei-me de Nico López, contratado a peso de ouro junto ao futebol italiano, que disse em alto e bom tom que não queria vir para o Inter, que preferia o Nacional de Montevidéu, onde atuou no primeiro semestre. Pergunto: ele entrou em campo pelo colorado?

6) A história de "time grande não cai".  Cai sim. Bayern de Munique, na Alemanha, Milan e Juventus, na Itália, Atlético de Madrid, na Espanha, River Plate, na Argentina, Grêmio, Atlético-MG, Vasco e Corinthians, no Brasil... adotar esse lema que beira a imbecilidade é de uma falta de bom senso terrível. E agora? O Inter se apequenou, tornou-se um "timinho"? ÓBVIO que não. Apenas está precisando aprender algumas lições, onde uma passagem pela Série B pode fazer com que se reinvente conceitos de futebol.

7) A "valsa dos 15 anos". Aquilo até pode ser feito em tom de corneta, mas num final de temporada. Jamais no meio. Moral da história: os colorados agora viram o Grêmio conquistar o Brasil e, três dias depois, ser rebaixado. Quem "dançou" por último? 

8) Apegar-se a tapetão. Claro, se o clube se sente prejudicado, tem mais que procurar os caminhos legais. Mas basta pensar: se tivesse algo errado antes, por que não se tratou disso logo? O problema surgiu em abril, maio, e agora em dezembro a direção colorada resolveu entrar no STJD para tentar rever uma posição outrora definida. Gente, se alguém quisesse já tinha melado o campeonato. Não comungo com a ideia da CBF em querer acusar o Inter de falsificação de documentos ou e-mail, mas que a imagem do clube ficou prejudicada, não tenho dúvida alguma.

9) Pecar contra os pequenos. O Inter contra os times contra quem lutava para não cair: perdeu as duas para o Vitória. Ganhou uma e empatou com o Sport. Ganhou uma e perdeu outra para o América-MG, a mesma coisa contra o Figueirense. E ainda teve um empate e uma derrota para o Santa Cruz. Passou quase todo o campeonato sem vencer fora de casa. Não há santo que resolva.

10) Insistir com soluções caseiras para comandar o time. Argel não fazia mau trabalho, mas pecou por querer "passar o trator" no Grêmio e ser aniquilado no Gre-Nal do primeiro turno. Falcão foi um erro crasso, abissal, e o clube perdeu tempo. Celso Roth tinha a mancha do Mazembe nos ombros, mas respaldado, insistiram com ele. Aliás, talvez tenha sido o único a ainda conseguir um padrão de jogo para a equipe. A antipatia da torcida e alguns erros de escalação o correram da Avenida Padre Cacique. Restou Lisca, o "Doido". Que não fez loucura alguma, conseguiu piorar o pouco que Roth fizera em termos de dinâmica de jogo e agora carregará por algum tempo a pecha de "rebaixador" do time.

Deixo para o fim duas ressalvas. A primeira é para o verdadeiro torcedor colorado, aquele que acreditou até o fim. Vi, li e ouvi muitos colorados dizendo que "já deu, já tá rebaixado" há quatro, cinco rodadas. Para esses só resta a frase "Eu já sabia". E agora há uma direção nova, eleita com 95% de apoio do associado, disposta pelo jeito a mudar os panoramas que levaram o clube à beira do abismo. Só que se a torcida não pegar junto, não precisa ser vidente para saber que o Inter fica na Série B - e olha que sobem quatro clube e não dois, como na época da Batalha dos Aflitos do Grêmio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário