sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

10 razões para o Grêmio e Palmeiras serem os melhores times do Brasil em 2016

Resultado de imagem para gremio e palmeiras copa do brasil 2016 

     O Grêmio sagrou-se campeão da Copa do Brasil pela quinta vez. O Palmeiras ergueu a taça de campeão brasileiro pela nona vez. Nada de mais, dentro da obviedade dos números - até comecei este texto quase que de maneira simplória. Entretanto, na raiz, na origem, no início do trabalho que levou à conquista houve muita coisa em comum entre os dois clubes. Ao longo dos últimos meses eles se agigantaram. Embora o fornecimento para contratações seja completamente diferente, as gestões tiveram papel importante. E vale aqui destacar 10 itens que considero essenciais para as equipes conquistarem títulos.

1) A mudança de rumo. O Grêmio iniciou a temporada com Roger Machado, respaldado por um bom trabalho em 2015. O Palmeiras manteve Marcelo Oliveira, campeão da Copa do Brasil no ano passado, mas com um festival de questionamento ao seu trabalho. O Palmeiras caiu na primeira fase da Libertadores e, percebendo qualidade no elenco, procurou o melhor treinador disponível. Encontrou Cuca - e deu certo. O Grêmio, cuja defesa vazava como sifão torto na pia da cozinha, viu goleadas ocorrerem, dinâmica de jogo crescer... e nada de chutes a gol. O aproveitamento era pífio. Roger percebeu o tamanho da encrenca e teve grandeza de reconhecer que não havia mais suco, apenas um bagaço. Renato Portaluppi veio para acertar o rumo. Adotou marcação individual na zaga, transformou Ramiro em Giuliano, vendido para o futebol russo no meio da temporada, aposentou Negueba e Henrique Almeida. O time do Grêmio, que antes parecia uma enceradeira, girando sem sair do lugar, transformou-se em uma equipe letal, objetiva, que passou a chutar em gol - talvez o grande mérito de Renato, que foi um excelente finalizador. O resultado? Uma taça no armário e um jejum colocado na lona.

2) Os "guris". O Palmeiras conta com Moisés e Gabriel Jesus. Diferenciados, jovens, que atuam em várias funções. O Grêmio contou com Luan, Éverton (ou Pedro Rocha) e Walace, que fazem absolutamente a mesma coisa. Dinâmica de jogo é fundamental para erguer consistência. E ambas as equipes contam com isso.

3) Os paredões. MIna e Victor Hugo são bons zagueiros. São velozes, contam com boa colocação e são armas perigosas no jogo aéreo. O Palmeiras está bem servido. O Grêmio não conta com uma força aérea capaz de resultar em gols pró, mas tem uma fortaleza capaz de evitar muitos gols contra. Geromel e Kannemann hoje são junto com os palmeirenses a melhor dupla de zaga do futebol brasileiro. Se antecipam com facilidade, bons na bola áerea, de um nível excepcional na bola rasteira, não fazem muitas faltas perto da área.

4) Comando. Paulo Nobre é um gestor. Dono da Crefisa, a maior financeira do país, injetou dinheiro no Palmeiras, montou elenco e em dois anos conquistou dois títulos nacionais. Não por acaso a empresa patrocina a parte frontal da camiseta do alviverde. Suas contratações deram opção de grupo ao Palmeiras - que com time misto quase suplantou o Grêmio ainda em fase de ajuste com Renato. No Grêmio, Romildo Bolzan errou em muitas contratações, mas manteve a base. E quando foi necessário, acertou em cheio ao trazer o destemperado, mas eficiente, Edílson e, principalmente, Kannemann. Além de recusar propostas por Ramiro na metade do ano. Com três contratações pontuais, principalmente para o meio-campo e laterais, o Tricolor é, sim senhor, candidato à Libertadores. Hoje, melhor que o Grêmio, só o Atlético Nacional da Colômbia - que vai vender jogadores após o Mundial Interclubes.

5) Falta de Craques. Talvez aqui o ponto mais polêmico. Não vejo nenhum craque nem no Grêmio nem no Palmeiras. Ambos tem jogadores diferenciados. No caso alviverde, Gabriel Jesus mais a frente, Roger Guedes, Tchê Tchê e Moisés logo em seguida, além dos excelentes goleiros Jaílson e Fernando Prass. O Grêmio tem o diferenciado Luan (que não chuta em gol), com Walace (que erra muitos passes) e Geromel um pouco abaixo. O segredo do sucesso de ambas as equipes é o conjunto da obra. Como uma orquestra, harmoniosa, com funções definidas e sob a batuta de dois bons maestros.

6) Condutas cerebrais. Tanto Palmeiras quanto Grêmio, ao longo das competições que venceram, souber jogar com o regulamento. Exploraram religiosamente os prós e contras de suas equipes e os colocaram em evidência nas disputas. O Palmeiras sabia que em uma competição longa era necessário vencer fora de casa. E jogou para isso. O Grêmio sabia que precisava marcar gols na casa adversária para buscar uma classificação. E assim o fez. Sucesso é fruto de trabalho. E isso não faltou a ambas as equipes.

7) Ambos queriam, almejavam, desejavam o fim de jejuns. O maior, claro, do Grêmio - sem constituir uma conquista em nível nacional há 15 anos. O Palmeiras, por sua vez, não conquistava um Brasileirão há 22 anos. E queria muito isso - tanto que correu risco e colocou time misto na Copa do Brasil. Houve méritos nas definições sobre o que queriam. Agora estão condicionados a mirar novos ápices.

8) Ambos passaram tempos difíceis com conquistas dos rivais. O alviverde viu o Corinthians chegar ao topo do mundo em 2012 no Japão, ao bater o Chelsea. O Tricolor sentiu o gosto amargo de ver o Internacional vergar o Barcelona, em 2006. Além disso houve Libertadores e Recopas dos principais adversários. O Corinthians venceu Copa do Brasil e Brasileirões. O Internacional empilhou seis títulos gaúchos. O grande problema é que tanto palmeirenses quanto gremistas passaram anos tentando desfazer do sucesso alheio, algo que chegou às diretorias. Talvez uma das primeiras coisas que Paulo Nobre e Romildo Bolzan fizeram foi se preocupar mais com suas equipes do que com os outros. E isso é o primeiro passo de um planejamento bem feito. Depois das conquistas, bem, aí vieram as cornetas. Mas elas ficaram para o fim.

9) A torcida. Os palmeirenses adotaram a Arena alviverde. Tiveram a melhor média de público do Campeonato Brasileiro. Os gremistas só não encheram a Arena contra o Atlético-PR. Nas demais partidas, público mínimo de 45 mil pessoas. Além disso, houve uma injeção de ânimo na confiança dos torcedores. Jogar bem uma partida é fácil. Manter o equilíbrio durante cinco, seis partidas é para times grandes. E Grêmio e Palmeiras foram grandes no segundo semestre.

10) A superação de desafios. O primeiro jogo de Renato foi contra o Atlético-PR na Arena. Jogo em que o time, mesmo não jogando bem, não merecia ter perdido. Enfrentou os pênaltis, conseguiu a classificação e embalou. O Grêmio tinha time para vencer o Gauchão, mas pecou contra o Juventude e viu esvair-se a possibilidade de retomar a hegemonia regional. O Palmeiras não ficou atrás, ao ser eliminado pelo Santos no Paulistão e ter uma campanha pífia na primeira fase da Libertadores. As equipes reinventaram-se ao longo do ano. E conquistaram, com muita justiça, os objetivos a que se propuseram. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário