segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Papai Noel: “O mundo precisa de mais humanidade!”

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            Não é uma tarefa fácil encontrar o bom velhinho. Ocupado com suas múltiplas tarefas na Lapônia, próxima ao Pólo Norte do planeta, ele está sempre disposto a preparar a tradicional entrega de presentes na noite de Natal. O ritmo de trabalho é intenso. Mesmo com uma temperatura que se aproxima de 25 graus negativos. Afinal são quase sete bilhões de pessoas no mundo, sendo dois bilhões e meio de crianças à sua espera. E ele não pode decepcioná-los. Prepara as renas, organiza brinquedos, roupas, atende a pedidos, lê cartas.
            O problema é que Papai Noel está ficando de saco cheio. E não é de presentes. É da falta de bons sentimentos. Gente que não se importa mais com a própria família, na reunião, na confraternização. Pessoas que brigam em fila de supermercados, lembram-se dos outros apenas por interesse. Perderam na sua jornada o velho e bom espírito natalino. E isso está fazendo a tradição iniciada por São Nicolau (o ícone que deu origem a Papai Noel) perder o encanto. “Vai haver um tempo onde, além de esquecerem de Jesus Cristo, vão me transformar apenas em enfeita de residências”, diz o bom velhinho, com certa mágoa.
            Neste trabalho especial de reportagem, conversei com um dos personagens principais do Natal. Para muitos pode ser uma conversa fictícia, fruto da imaginação. Mas para os que crêem é um desabafo do personagem que ilumina a alma e a cabecinha de milhares de criança na Terra. E, confesse: um dia, por mais distante que seja, você também acreditou no Papai Noel não é mesmo? E ele existe. Ainda.
                Ah, um detalhe interessante: realizei esta entrevista em 2011 para um especial de Natal do jornal Folha do Sul. Li, reli e afirmo: o contexto é absolutamente atual. Quem quiser acompanhar vai notar isso.

Pergunta – Como é, atualmente,  ser Papai Noel?
Papai Noel  - Meu filho, é complicado. Por um lado é uma satisfação que já vem há séculos. A esperança das crianças em ganhar um presentinho. A fé depositada nelas pela história de Jesus Cristo. Sabe aquela sensação de “me comportei o ano inteiro direitinho, fui um bom aluno, ajudei os outros e agora vou ser recompensado”? Isso ainda existe. De outra forma o mundo está piorando. São guerras, discussões, preocupações demais. As pessoas ficam mais estressadas neste período do ano. Mas como? Não é para ficarmos em família, brindarmos as boas realizações do ano que se encerra, iluminarmos nossos corações com a história do nascimento do Menino Jesus? Meu Deus... olho para tudo isso e fico muito preocupado. Creio que em pouco tempo, se a humanidade continuar assim, o Papai Noel não será mais do que um enfeite na porta de uma casa, em uma árvore ou até em um presépio. E olha que não sou vaca de presépio (risos).

Pergunta – E onde está o erro?
Papai Noel – Na ganância. Na ânsia em depender do tempo para tudo. Os presentes de Natal, por exemplo. Eles devem ser aspectos de uma lembrança. Simbolizam todo o trabalho que os Reis Magos tiveram para ir ao encontro de Jesus Cristo, celebrar o nascimento daquele bebê vindo ao mundo para trazer uma mensagem de amor e solidariedade. Os Reis Magos foram os primeiros representantes do tão falado “Espírito de Natal”. Só que hoje não é assim. Todo mundo só quer saber de vender, vender, vender. Entendo perfeitamente o lado comercial. Ninguém quer fazer festa e ter a casa feia, desarrumada. O Papai Noel sempre dá um jeito de entregar seus presentes às crianças, mas os adultos já não dão mais atenção a ele. Por isso ele não os visita. O problema é que as crianças já não estão dando bola ao Papai Noel. E o que eu vou fazer aqui, neste frio, se não for pela intenção de integrar uma série de bons sentimentos pelo meu trabalho? Não é só dar o presente. É explicar o sentido da data. E os pais são até certo ponto irresponsáveis por isso?

Pergunta – Mas não são os pais que propagam a idéia do Papai Noel? Não são eles que incentivam a idéia de o senhor passar com suas renas na noite de Natal e entregar os presentes?
Papai Noel – Aí é que está. Quando os pais de hoje eram crianças, eles acreditavam piamente na figura do Papai Noel. Esperavam passar da meia-noite para me ver passar. Ficavam perguntando aos pais: “será porque não temos chaminé que o Papai Noel não vem?”. Até que, vencidos pelo cansaço, caiam no mais profundo sono. E no outro dia acordavam e lá estava, embaixo da árvore natalina, o seu presentinho. Havia encantamento. As pessoas tinham mais tempo, mais ânimo para confraternizar. E, ao contrário do que dizem, não eram só os mais ricos e os de classe média com toda essa disposição. Sempre havia um jeito de entregar uma lembrancinha ao mais pobre, ao mais carente. As pessoas tinham o espírito mais leve. Se é que não é uma redundância, fazia bem às pessoas fazer o bem. Hoje muita gente só faz o bem visando aparecer, visando a um lucro ou a um status melhor. Isso me decepciona.

Pergunta – O senhor teme, realmente, virar apenas uma figura decorativa?
Papai Noel – Claro. As crianças hoje não esperam mais a vinda do bom velhinho. Passa da meia-noite e elas impõem aos pais: quero meu presente! Não há mais magia. Há uma obrigação. Eu sempre trabalhei da forma mais humana possível. Pensa que é fácil atender ao mundo inteiro? Menos mal que existem fusos horários (risos). Minha equipe organiza tudo, prepara da melhor forma possível. Às vezes, é verdade, alguém acaba esquecido. Só que o Papai Noel está ficando velho e ninguém se dá conta disso. A tradição é passada de geração em geração, desde São Nicolau. E o “entregador de presentes” não é o mesmo. Sempre há mudança. O ideal é que permanecia o mesmo. Sem o estímulo às crianças qual será o meu futuro? Nenhum. Serei um mero representante comercial, um enfeite.

Pergunta – E qual o presente que o senhor gostaria de receber no Natal?
Papai Noel – Carinho, afeto e atenção. Não é demagogia meu filho. São essas as vitaminas que me fortalecem a alma. Existe muita gente ao redor do planeta cujo presente seria mais saúde. Para outros mas alegria. Grande parcela da população mundial teve um ano difícil. Só que as reações é que as tornam mais fortes ou mais fracas. Você sempre tem a opção de escolha: ficar bem ou mal humorado, reagir ou desistir. Hoje todos estão optando pelo mais cômodo. E não falo apenas no Brasil, na América do Sul, ou em um local específico. Isso é em todo lugar. Queria um mundo mais justo, mais igualitário. Onde não houvesse tantas brigas. Onde a paz e a harmonia fossem as condições essenciais para a sobrevivência humana. Infelizmente a sociedade evolui, nesse  ponto, para pior.

Pergunta – Mas então por que o senhor não desistiu até agora?
Papai Noel – Porque ainda existem pessoas com o coração renovado nesta época, meu filho. A luta não está perdida para o Papai Noel. Há milhares de pessoas buscando o amor ao próximo, despertando o espírito solidário, fazendo o bem. Enquanto houver esse sentimento eu estarei aqui. Muitos pais ainda conservam a idéia de montar presépios, estimular que as crianças estudem sobre quem foi Jesus Cristo. Contam a história do menino. E o Papai Noel também é preservado. Afinal, por mais que discordem das histórias a meu respeito, a teoria de que quem faz o bem é recompensado é um estímulo. Não é antipedagógico. Se a criança for comportada vai receber uma retribuição por isso. Se você cumpre a sua jornada, não recebe o salário no fim do mês? Se você dá amor ao marido ou esposa não é justo receber o mesmo em troca? Com as crianças é assim. Desta forma que se constitui a personalidade delas no futuro. E a tradição seciular do Papai Noel será mantida.

Pergunta – E qual a mensagem do Papai Noel para este Natal?

Papai Noel – Amem mais. Não tenham vergonha de demonstrar. Sejam corretos com todos, mas principalmente consigo mesmos. Dêem valor a seus filhos. Vocês não percebem, mas eles crescem e dentro de 20 anos, no máximo, eles vão embora viver a vida deles. Aprendam a conviver mais. Não há computador no planeta capaz de gerar a emoção transmitida por um ser humano em um abraço, um cumprimento, um beijo. E sejam mais tolerantes. Todos nós fazemos besteiras ao longo da vida. E a nossa maior besteira é não aceitar as besteiras dos outros. E lembrem-se: aonde houver o sorriso de uma criança no Natal, o Papai Noel estará ali. 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Os deuses do futebol entraram em férias - ao menos hoje

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Confesso que hoje estou meio aborrecido "futebolisticamente" falando (ou melhor, escrevendo).
Depois de uma demonstração de solidariedade ao extremo, o Atlético Nacional tinha a minha torcida (e a de muita gente legal) na semifinal do Mundial Interclubes. Infelizmente, a equipe não jogou o suficiente e acabou goleada pelo Kashima Antlers (lembram do time japonês que o Zico jogou e fez história? Era esse mesmo) por 3x0.
Realmente fiquei triste. O mínimo que o Atlético Nacional, por uma questão de "justiça futebolística" merecia era ter o direito de encarar as estrelas do Real Madrid numa decisão de título. A postura da torcida quando da tragédia com a equipe da Chapecoense, a postura do clube em abrir mão de título pelo entendimento do que houvera com o time e a população catarinense me fizeram acreditar que embora o mundo esteja dentro de um manicômio social, como escreveu Augusto Cury, ainda havia espaço para demonstrações de solidariedade e humanidade.
E agora? Com toda aquela demonstração com sentimento e dor do povo colombiano, vejo a equipe representante da América do Sul ser aniquilada pelos metódicos e eficientes japoneses.
Embora chateado, não desisto da raça humana. Certas coisas não são para serem entendidas, mas aprendidas e assimiladas. Queria muito ver o Atlético na decisão - e vencendo o Real Madrid. Mas tá... fico com aquela sensação de que na manhã de hoje os deuses do futebol deram um tempo, tiraram férias, sei lá.
Mas fico com a ponta de frustração. Eu e muitas pessoas que viam dentro do campo a representação da Chape, tão verde e branca quanto o Nacional. Mas, dentro do campo, principalmente no segundo tempo, a vitória do Kashima foi merecida.
Vou seguir curtindo o futebol. Aliás, um dos poucos, para não dizer, raros esportes onde o mais fraco tem chance diante do mais forte. E é por isso que cativa multidões.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Os motivos da queda do gigante

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      Eu poderia ser sarcástico, corneteiro, irônico. Entretanto, já sofri na pele como gremista o peso de duas quedas para a Série B. A tão temida "Segundona", que ecoa por dentro da alma dos apaixonados por futebol, entretanto, não é nenhum assombro. Por isso a queda do Internacional não me surpreende, apenas acredito que é momentânea. E vai durar um ano, exatamente. No entanto, creio que uma série de fatores levaram ao rebaixamento. Com a cabeça mais fresca do que os colorados apaixonados, trago aqui minhas deduções. Sempre suscetíveis à discordância. 
      Embora tenha certeza que a maioria colorada que chegar até o fim me dará parcela de razão, sem falsa modéstia.

1) A direção apostou em figurões como Anderson e Alex, pagando uma banana de dinheiro e sem ter retorno dentro de campo. A grande aposta certeira e digna foi Danilo Fernandes. Quando mais se precisou dele, correspondeu. No jogo com o Fluminense eram 48 do segundo tempo e o goleiro corria para repor a bola após um impedimento. O detalhe (negativo) é que o resto do time estava correndo em velocidade paquidérmica em direção ao campo do adversário. 

2) Ainda relativo a esse tema: na hora decisiva, não houve alguém para pegar a bola, colocar debaixo do braço, bater lateral, cobrar falta rapidamente. Faltou um líder dentro de campo. Paulão? Ele é bom zagueiro reserva. Nunca um líder. Faltou D'Alessandro.

3) O festival de estupidez que reinou sobre a diretoria numa semana onde o futebol brasileiro ficou abalado pela tragédia da Chapecoense, onde os jogadores do Inter quiseram "encerrar o campeonato", sem responder à pergunta se topavam cair se as partidas não fossem disputadas. A frase de Fernando Carvalho "vivemos nossa tragédia particular" soou tão mal, mas tão mal, que os jogadores tentaram refazê-la. E a emenda ficou pior que o soneto. E o presidente Vitório Píffero conseguiu pior mais ainda. Tudo isso em um intervalo de cinco dias.
Comunicação também ganha campeonato e evita rebaixamento. E faltou isso ao Inter.

4) O "ilusionista" Gauchão. O Internacional já havia batido na trave há dois, três anos, iludido com a desculpa de jogar fora do Beira-Rio. Agora, tinha um estádio modelo. Não adiantou nada. Vencer Gauchão a ferro e fogo não serve para estar habilitado a disputar títulos maiores. A direção e a própria Comissão Técnica deixaram isso de lado. Deu no que deu.

5) Lembro aqui do meu recentemente falecido amigo Erly Inghes, ex-presidente do Guarany. Certa feita, conversando sobre futebol quando fui visitá-lo, ele me disse: "Emanuel, não se traz jogador que não tá a fim de vestir a camiseta ou fica sonhando em se transferir para outro clube. É melhor que não fique". Lembrei-me de Nico López, contratado a peso de ouro junto ao futebol italiano, que disse em alto e bom tom que não queria vir para o Inter, que preferia o Nacional de Montevidéu, onde atuou no primeiro semestre. Pergunto: ele entrou em campo pelo colorado?

6) A história de "time grande não cai".  Cai sim. Bayern de Munique, na Alemanha, Milan e Juventus, na Itália, Atlético de Madrid, na Espanha, River Plate, na Argentina, Grêmio, Atlético-MG, Vasco e Corinthians, no Brasil... adotar esse lema que beira a imbecilidade é de uma falta de bom senso terrível. E agora? O Inter se apequenou, tornou-se um "timinho"? ÓBVIO que não. Apenas está precisando aprender algumas lições, onde uma passagem pela Série B pode fazer com que se reinvente conceitos de futebol.

7) A "valsa dos 15 anos". Aquilo até pode ser feito em tom de corneta, mas num final de temporada. Jamais no meio. Moral da história: os colorados agora viram o Grêmio conquistar o Brasil e, três dias depois, ser rebaixado. Quem "dançou" por último? 

8) Apegar-se a tapetão. Claro, se o clube se sente prejudicado, tem mais que procurar os caminhos legais. Mas basta pensar: se tivesse algo errado antes, por que não se tratou disso logo? O problema surgiu em abril, maio, e agora em dezembro a direção colorada resolveu entrar no STJD para tentar rever uma posição outrora definida. Gente, se alguém quisesse já tinha melado o campeonato. Não comungo com a ideia da CBF em querer acusar o Inter de falsificação de documentos ou e-mail, mas que a imagem do clube ficou prejudicada, não tenho dúvida alguma.

9) Pecar contra os pequenos. O Inter contra os times contra quem lutava para não cair: perdeu as duas para o Vitória. Ganhou uma e empatou com o Sport. Ganhou uma e perdeu outra para o América-MG, a mesma coisa contra o Figueirense. E ainda teve um empate e uma derrota para o Santa Cruz. Passou quase todo o campeonato sem vencer fora de casa. Não há santo que resolva.

10) Insistir com soluções caseiras para comandar o time. Argel não fazia mau trabalho, mas pecou por querer "passar o trator" no Grêmio e ser aniquilado no Gre-Nal do primeiro turno. Falcão foi um erro crasso, abissal, e o clube perdeu tempo. Celso Roth tinha a mancha do Mazembe nos ombros, mas respaldado, insistiram com ele. Aliás, talvez tenha sido o único a ainda conseguir um padrão de jogo para a equipe. A antipatia da torcida e alguns erros de escalação o correram da Avenida Padre Cacique. Restou Lisca, o "Doido". Que não fez loucura alguma, conseguiu piorar o pouco que Roth fizera em termos de dinâmica de jogo e agora carregará por algum tempo a pecha de "rebaixador" do time.

Deixo para o fim duas ressalvas. A primeira é para o verdadeiro torcedor colorado, aquele que acreditou até o fim. Vi, li e ouvi muitos colorados dizendo que "já deu, já tá rebaixado" há quatro, cinco rodadas. Para esses só resta a frase "Eu já sabia". E agora há uma direção nova, eleita com 95% de apoio do associado, disposta pelo jeito a mudar os panoramas que levaram o clube à beira do abismo. Só que se a torcida não pegar junto, não precisa ser vidente para saber que o Inter fica na Série B - e olha que sobem quatro clube e não dois, como na época da Batalha dos Aflitos do Grêmio.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

10 razões para o Grêmio e Palmeiras serem os melhores times do Brasil em 2016

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     O Grêmio sagrou-se campeão da Copa do Brasil pela quinta vez. O Palmeiras ergueu a taça de campeão brasileiro pela nona vez. Nada de mais, dentro da obviedade dos números - até comecei este texto quase que de maneira simplória. Entretanto, na raiz, na origem, no início do trabalho que levou à conquista houve muita coisa em comum entre os dois clubes. Ao longo dos últimos meses eles se agigantaram. Embora o fornecimento para contratações seja completamente diferente, as gestões tiveram papel importante. E vale aqui destacar 10 itens que considero essenciais para as equipes conquistarem títulos.

1) A mudança de rumo. O Grêmio iniciou a temporada com Roger Machado, respaldado por um bom trabalho em 2015. O Palmeiras manteve Marcelo Oliveira, campeão da Copa do Brasil no ano passado, mas com um festival de questionamento ao seu trabalho. O Palmeiras caiu na primeira fase da Libertadores e, percebendo qualidade no elenco, procurou o melhor treinador disponível. Encontrou Cuca - e deu certo. O Grêmio, cuja defesa vazava como sifão torto na pia da cozinha, viu goleadas ocorrerem, dinâmica de jogo crescer... e nada de chutes a gol. O aproveitamento era pífio. Roger percebeu o tamanho da encrenca e teve grandeza de reconhecer que não havia mais suco, apenas um bagaço. Renato Portaluppi veio para acertar o rumo. Adotou marcação individual na zaga, transformou Ramiro em Giuliano, vendido para o futebol russo no meio da temporada, aposentou Negueba e Henrique Almeida. O time do Grêmio, que antes parecia uma enceradeira, girando sem sair do lugar, transformou-se em uma equipe letal, objetiva, que passou a chutar em gol - talvez o grande mérito de Renato, que foi um excelente finalizador. O resultado? Uma taça no armário e um jejum colocado na lona.

2) Os "guris". O Palmeiras conta com Moisés e Gabriel Jesus. Diferenciados, jovens, que atuam em várias funções. O Grêmio contou com Luan, Éverton (ou Pedro Rocha) e Walace, que fazem absolutamente a mesma coisa. Dinâmica de jogo é fundamental para erguer consistência. E ambas as equipes contam com isso.

3) Os paredões. MIna e Victor Hugo são bons zagueiros. São velozes, contam com boa colocação e são armas perigosas no jogo aéreo. O Palmeiras está bem servido. O Grêmio não conta com uma força aérea capaz de resultar em gols pró, mas tem uma fortaleza capaz de evitar muitos gols contra. Geromel e Kannemann hoje são junto com os palmeirenses a melhor dupla de zaga do futebol brasileiro. Se antecipam com facilidade, bons na bola áerea, de um nível excepcional na bola rasteira, não fazem muitas faltas perto da área.

4) Comando. Paulo Nobre é um gestor. Dono da Crefisa, a maior financeira do país, injetou dinheiro no Palmeiras, montou elenco e em dois anos conquistou dois títulos nacionais. Não por acaso a empresa patrocina a parte frontal da camiseta do alviverde. Suas contratações deram opção de grupo ao Palmeiras - que com time misto quase suplantou o Grêmio ainda em fase de ajuste com Renato. No Grêmio, Romildo Bolzan errou em muitas contratações, mas manteve a base. E quando foi necessário, acertou em cheio ao trazer o destemperado, mas eficiente, Edílson e, principalmente, Kannemann. Além de recusar propostas por Ramiro na metade do ano. Com três contratações pontuais, principalmente para o meio-campo e laterais, o Tricolor é, sim senhor, candidato à Libertadores. Hoje, melhor que o Grêmio, só o Atlético Nacional da Colômbia - que vai vender jogadores após o Mundial Interclubes.

5) Falta de Craques. Talvez aqui o ponto mais polêmico. Não vejo nenhum craque nem no Grêmio nem no Palmeiras. Ambos tem jogadores diferenciados. No caso alviverde, Gabriel Jesus mais a frente, Roger Guedes, Tchê Tchê e Moisés logo em seguida, além dos excelentes goleiros Jaílson e Fernando Prass. O Grêmio tem o diferenciado Luan (que não chuta em gol), com Walace (que erra muitos passes) e Geromel um pouco abaixo. O segredo do sucesso de ambas as equipes é o conjunto da obra. Como uma orquestra, harmoniosa, com funções definidas e sob a batuta de dois bons maestros.

6) Condutas cerebrais. Tanto Palmeiras quanto Grêmio, ao longo das competições que venceram, souber jogar com o regulamento. Exploraram religiosamente os prós e contras de suas equipes e os colocaram em evidência nas disputas. O Palmeiras sabia que em uma competição longa era necessário vencer fora de casa. E jogou para isso. O Grêmio sabia que precisava marcar gols na casa adversária para buscar uma classificação. E assim o fez. Sucesso é fruto de trabalho. E isso não faltou a ambas as equipes.

7) Ambos queriam, almejavam, desejavam o fim de jejuns. O maior, claro, do Grêmio - sem constituir uma conquista em nível nacional há 15 anos. O Palmeiras, por sua vez, não conquistava um Brasileirão há 22 anos. E queria muito isso - tanto que correu risco e colocou time misto na Copa do Brasil. Houve méritos nas definições sobre o que queriam. Agora estão condicionados a mirar novos ápices.

8) Ambos passaram tempos difíceis com conquistas dos rivais. O alviverde viu o Corinthians chegar ao topo do mundo em 2012 no Japão, ao bater o Chelsea. O Tricolor sentiu o gosto amargo de ver o Internacional vergar o Barcelona, em 2006. Além disso houve Libertadores e Recopas dos principais adversários. O Corinthians venceu Copa do Brasil e Brasileirões. O Internacional empilhou seis títulos gaúchos. O grande problema é que tanto palmeirenses quanto gremistas passaram anos tentando desfazer do sucesso alheio, algo que chegou às diretorias. Talvez uma das primeiras coisas que Paulo Nobre e Romildo Bolzan fizeram foi se preocupar mais com suas equipes do que com os outros. E isso é o primeiro passo de um planejamento bem feito. Depois das conquistas, bem, aí vieram as cornetas. Mas elas ficaram para o fim.

9) A torcida. Os palmeirenses adotaram a Arena alviverde. Tiveram a melhor média de público do Campeonato Brasileiro. Os gremistas só não encheram a Arena contra o Atlético-PR. Nas demais partidas, público mínimo de 45 mil pessoas. Além disso, houve uma injeção de ânimo na confiança dos torcedores. Jogar bem uma partida é fácil. Manter o equilíbrio durante cinco, seis partidas é para times grandes. E Grêmio e Palmeiras foram grandes no segundo semestre.

10) A superação de desafios. O primeiro jogo de Renato foi contra o Atlético-PR na Arena. Jogo em que o time, mesmo não jogando bem, não merecia ter perdido. Enfrentou os pênaltis, conseguiu a classificação e embalou. O Grêmio tinha time para vencer o Gauchão, mas pecou contra o Juventude e viu esvair-se a possibilidade de retomar a hegemonia regional. O Palmeiras não ficou atrás, ao ser eliminado pelo Santos no Paulistão e ter uma campanha pífia na primeira fase da Libertadores. As equipes reinventaram-se ao longo do ano. E conquistaram, com muita justiça, os objetivos a que se propuseram. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Por que vou me casar?




      Não, este blog não foi idealizado para expor minha vida pessoal. Não é para eu realizar comentários sobre diabetes, minhas angústias, meus receios, meus sucessos, meus desafios. Muito menos para tergiversar a respeito da minha vida sentimental e amorosa, cheia de fracassos e sucessos - como a de todo mundo, aliás. Este conteúdo online é para informação. Entretanto, vou abrir uma exceção. Afinal, hoje vou casar! E com uma mulher muito especial.
      Conheci a Josiane quando fiz uma postagem sobre o valor da conta da luz. Quer dizer, conheci a fundo. Porque antes já éramos "amigos virtuais" - onde o máximo que fizemos foi mandar mensagens de aniversário um ao outro e curtir lá de vez em quando algo que nos tocasse. Ela "rabiosa" com o valor - e eu mais ainda. Aí, já no período de solteirice, comecei a olhar (e a curtir) fotos antigas. Olhando as postagens no perfil dela, deduzi que se tratava de uma pessoa diferenciada, com foco, perfil de pessoa que sabia planejar as coisas, dedicada profissionalmente e pessoalmente também. Confesso: a única coisa que realmente me preocupou foi o fato de ela ser professora - até porque eu não canso de dizer que tenho demasia de professores em casa. Embora considere uma das melhores profissões do mundo - mas a minha, o Jornalismo, é a melhor de todas! Só que lidar com Educação é sui generis. Mas deixemos isso de lado.
      Até que precisava puxar um papo. As curtidas minhas nas imagens e posts dela aumentaram. Por coincidência (só coincidência) as delas em relação a mim também cresceram mais que a volúpia do Congresso em criar artefatos para escapar da Lava-Jato - para vocês notarem como aumentou. Então era hora de dar um "oi". Até que chegou o dia, me enchi de coragem (eu sempre fui tímido ao excesso, embora muitos não acreditem, mas meus amigos sabem e conhecem isso de perto) e mandei um "oi". Ao melhor estilo Emanuel. 
      Qual não foi minha surpresa ao ver que ela respondeu! E disse que gostava muito do que eu escrevia, coisa e tal, talicoisa. E aí minha confiança cresceu. E repliquei. E ela treplicou. Em poucos dias marcamos o primeiro encontro. E logo em seguida já pedi ela em namoro. E algum tempo depois já ficamos noivos. 
      E hoje, 2 de dezembro, vamos casar!
      O título deste texto é uma pergunta que exige uma resposta da forma do método socrático. E por que eu não casaria com uma pessoa que considero linda, com caráter, bom coração, velocidade de raciocínio, disposta, boa mãe de dois filhos lindos e maravilhosos, uma excelente filha e irmã? Por que não casaria com uma mulher que amo e declaro aos quatro ventos (se é que existem quatro tipos de ventos... mas vamos lá), com quem me preocupo, a quem procuro auxiliar, com quem divido todas as coisas da minha vida? Por que não casaria com uma mulher que me ama, que se preocupa, que entende minha ranzinice, meu rabugentismo, que assiste a jogos do Grêmio comigo mesmo sendo colorada, que entende e respeita o que penso? Por que não casaria com uma mulher a qual escuto com atenção, que espero concluir um raciocínio para poder dar meu pitaco, que vive o hoje, mas pensa no amanhã, que procura fazer o que precisa ser feito e bem feito? Por que não casaria com uma mulher de fibra, garra e coragem, que procura evoluir como pessoa e se aperfeiçoar como profissional, que me considera guardião de seus segredos, o colo para o carinho necessário, o toque para sensibilizar e a voz firme, mas com ternura, de quando precisa de um conselho ou orientação?
      Como não vou casar com uma mulher dessas? Alguém que não é frívola, não é à toa, sabe impor respeito e conquista credibilidade com quem convive? Só se eu fosse muito tosco, ogro, para não amar uma mulher assim. É com essa Josiane (ou Jô, para a maioria das pessoas) que eu quero passar os meus dias, é com ela que quero passear na praça, viajar, assistir a um filme. É nos braços dela que vou me amparar quando as coisas não saírem como o desejado, é dela que espero a palavra doce ou firme, dependendo da situação, é com ela que virão os conselhos, as manias, a TPM, a preocupação com os guris. É com ela que vou dividir minhas hipoglicemias, meus destemperos (sim, ela sabe como sou e me aceita desse jeito. E é por isso que já me controlo muito, mas muuuuuuuuuuuuito melhor), meus transtornos de ansiedade, meus tiques-nervosos.
      Casamento não é fácil, ,eu sei. Não é um mar de rosas o tempo todo. A rotina atrapalha, as manias também. Entretanto, ambos temos uma coisa que realmente, sem falsa modéstia, nos diferencia: disposição. A percepção de saber o que está errado e tentar mudar. A sabedoria suficiente para saber que há, sim, entre casais, a necessidade de abrir mão pela estabilidade do relacionamento e a obrigação de não ter desvios de caráter para sustentar o amor. Em procurar fazer a maioria de nossos momentos de lazer e descontração juntos. É saber que, embora tenhamos os meninos por perto, eles terão independência e nós também. É querer estar junto não por obrigação, mas porque um faz bem ao outro, um provoca sorrisos no outro, o afago de um ao outro nos conforta, o carinho de um ao outro nos faz feliz.
      Por isso é que escrevi esta crônica hoje. Da maneira mais Emanuelífera possível, do jeito mais estranho que possa ser. Mas com todo o amor do mundo para a filha, mãe, irmã, professora, diretora, colega, amiga e que, a partir de agora, passa a ser também de forma oficial a melhor esposa que Deus poderia me destinar. Agradeço, de coração, a todos que leram até aqui. E solicito apenas uma coisa: se esforcem para que seus relacionamentos deem certo. Esse esforço compensa. Não existe juiz melhor das nossas vidas que nós mesmos. E para sermos justos é preciso querer essa justiça a todos a quem amamos.